Sob o comando do Tenente Coronel Sérgio Henrique Lopes Rendeiro, foi devidamente comemorado o 151º aniversário do 24º Batalhão de Infantaria de Selva em São Luís.
Como parte da programação a Banda do 24º BIS apresentou-se na Praça de Alimentação do 2º piso do São Luís Shopping, dia 27 de agosto de 2021, e, dia 31, no Teatro Arthur Azevedo.
No dia 30, no pátio do 24º Batalhão de Infantaria de Selva, em São Luís, o Comandante Sérgio Rendeiro expressou seu agradecimento à sociedade maranhense e ludovicense, pelo apoio que o Batalhão recebe da comunidade. Especialmente convidado pelo Comandante Sérgio Rendeiro, o professor Alberto Tavares Vieira da Silva, desembargador federal aposentado e Oficial da Reserva do Exército, proferiu um discurso à tropa e aos convidados presentes, em número limitado por força das limitações decorrentes da pandemia da COVID-19.
Discurso do Professor Alberto Tavares
“Guerreiros do 24º Batalhão de Infantaria de Selva. Este dia é histórico. O momento é sagrado.
Aqui celebramos uma data de justíssimo júbilo: os cento e cinquenta e um anos da frutuosa existência deste Batalhão que recebeu, dentre outros, os títulos de 24º Batalhão de Caçadores, 24º Batalhão de Infantaria Leve e, atualmente, 24º Batalhão de Infantaria de Selva.
Desde o primeiro comandante, o Tenente Coronel Joaquim Cavalcante de Albuquerque Bello, até o atual, o Tenente Coronel Sérgio Henrique Lopes RENDEIRO, 81 oficiais o conduziram com firmeza e elevado tirocínio.
Dentro do seu ciclo de vida, há 80 anos, exatamente no dia 19 de abril de 1941, neste prédio de linhas retas e sóbrias passaram a viver e mourejar gerações que se sucedem tendo por fanal a defesa a qualquer custo da Pátria e das suas nobres tradições.
Eis um templo sagrado, escola de formação do caráter, forja de combatentes de escol em cujos peitos pulsam corações que vibram empolgados pelo sentimento de profundo amor à Pátria.
Assim tem sido e será, com certeza, por todo sempre.
Os fastos da História o confirmam segundo vereis.
Em verdade a História deste Batalhão é gloriosa, ressaindo que atuando em conflitos armados, principalmente dentro do Brasil, sempre o fez com eficiência e equilíbrio em busca da paz. Basta ver os papéis de relevo que desempenhou no contexto dos episódios relativos à Coluna Prestes ou Movimento Tenentista em 1925 e na Revolução Constitucionalista de 1932 nos quais pode ser dito que combateu o bom combate.
Quando o Brasil viveu o pesadelo da 2ª Guerra Mundial, do pátio que estamos pisando partiram com destino a longínqua Itália, 169 combatentes, aos quais reservados os papéis de atores do trágico drama da guerra.
A crônica registra o destemor desses homens que lutaram principalmente em Monte Castelo e Montese.
Naquele horrendo cenário de dor e desespero, embora nenhum deles houvesse perecido, alguns derramaram o sangue que tingiu de rubro a branca neve que recobria a superfície da terra.
Esses soldados heroicos que trouxeram nos corpos e nas almas cicatrizes indeléveis, como que transformaram o generoso sangue derramado em rosas vermelhas depositadas a título de oferendas no sacrossanto altar da Pátria.
Na década de 1950, eclodiu em São Luís grave revolta popular que contestava a legitimidade do Governo do Estado. A ilha se converteu num autêntico inferno. Bairros pobres da periferia formados com casas de palha arderam criminosamente incendiadas.
O povo vagava desnorteado pela cidade e em busca da vingança linchou pessoas consideradas suspeitas da autoria dos crimes.
Uma equivocada manobra de alguns policiais militares no afã de deter suposta invasão ao Palácio do Governo desencadeou o fogo de metralhadoras contra pessoas inocentes que morreram ou ficaram feridas.
A atuação eficaz deste Batalhão que sempre foi muito amado e acreditado pelo povo acalmou os ânimos e estancou a revolta.
Daqui saíram sucessivos contingentes que atuaram na força de paz que o Brasil enviou, durante dez anos, para evitar o embate entre tropas de Israel e do Egito que disputavam o canal de Suez.
No Haiti, a presença pacificadora do Exército Brasileiro, ao longo de 13 anos, contou, mais de uma vez, com integrantes do 24º Btl. de Caçadores.
Na Revolução de 1964, os militares que aqui serviam cumpriram de maneira firme, as suas missões de garantia da ordem pública, jamais tendo sido registradas notícias de arbitrariedades ou violências contra quaisquer pessoas.
Nos lindes da cidadania, a folha de serviços deste Batalhão é exemplar ante a sua participação garantidora da ordem em todas as eleições, assegurando o livre exercício do direito ao voto previsto na Lei.
Sobreleva recordar que o Batalhão tem entre seus traços marcantes a participação em atividades humanitárias e beneficentes entre as quais a ajuda às populações flageladas pelas enchentes dos nossos rios.
Destacam-se em tal obra assistencial as mulheres das fileiras do Corpo de Saúde do Batalhão que com o sentimento da maternidade que lhes é inato acolheram em seus regaços especialmente crianças desvalidas.
Elas ensinam que ante a violência de certas tragédias humanas o amor é o melhor remédio.
Capítulo que não pode ser olvidado na história deste Batalhão é o relativo ao Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército integrado por jovens idealistas que aspiram alcançar o oficialato não remunerado.
Quantos e quantos deles que aprenderam a arte da guerra na escola do sabre e do fuzil se capacitaram para defender a Pátria e depois retornaram à sociedade a fim de desempenhar suas profissões, mas continuam ligados ao Exército Brasileiro do qual serão eternamente integrantes.
Acrescente-se, afinal, o êxito proclamado pelo povo maranhense a respeito da exemplar campanha de vacinação realizada por abnegados integrantes desta unidade contra o vírus da COVID, inimigo invisível que causa pânico e mortes no mundo inteiro.
Atentai integrantes do 24º BIS que cabe a cada um de vós manter a tradição dos feitos gloriosos que recebestes, conquistada com extraordinários empenhos e sacrifícios dos que não mais habitam nesta casa.
Jamais esqueçais que a vossa Escola é este Batalhão no qual aprendestes os valores militares, sendo o principal o patriotismo que impõe a defesa da Pátria “até com o sacrifício da própria vida”.
Lembrai-vos que os imperativos da Ética Militar exigem o dever de AMAR a verdade e a responsabilidade.
Estais conscientes que a bandeira brasileira que drapeja no alto ao sopro dos ventos da soberania, liberdade e independência do Brasil é verde, amarela, azul e branca.
Guardai na memória e no coração o exemplo do venerável Duque de Caxias, sagrado patrono do Exército Brasileiro.
No alto da colina em frente podeis contemplar a serena gravidade do seu vulto que transmite inexcedível pureza moral, guardando eloquente silêncio que é a voz suprema do universo, concitando aos seus comandados de hoje e de sempre à bravura e ao heroísmo na defesa da Pátria.
O Brasil é um país soberano amante da paz, nascido sob o signo de uma cruz.
Se, entretanto, ameaçarem nossa liberdade; se o inimigo nos impuser a guerra, olvidado do estrondo do morteiro, do ronco do canhão e do gargalhar sinistro da metralha; se, enfim, for preciso verter o sangue sobre a terra, com absoluta certeza estais preparados para cumprirdes os vossos deveres de soldados.
Ide, portanto, guerreiros de selva!
Marchai com a fronte erguida para a luta e para a vitória no cumprimento da vossa missão sagrada de defender a Pátria sob os aplausos dos que a amam e sob a proteção de Deus.
Salve o 24º Batalhão de Infantaria de Selva!
Salve o Brasil, Pátria amada!”
Comandante Sérgio Rendeiro, na AMEI, na solenidade de entrega dos prêmios aos vencedores do CAT GLRP 2021, do qual o Comandante Rendeiro integrava a Comissão Julgadora. Na mesa, também, o advogado José Maria Alves da Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Lítero, e professor Alberto Tavares