Neste dia 16 de julho, chega aos 80 anos, solidamente instalado no seu outono glorioso, o grande brasileiro e meu amigo Arthur Moreira Lima. Não é um velho arrimado à sua bengala. Arthur ainda é um formidável trabalhador cuja coragem e talento musical o fizeram um dos maiores pianistas do planeta.
Nunca foi tão viva e fulgurante a claridade de seu espírito. Arthur é também um grande humanista e um brasileiro preocupado com os anseios políticos de seu povo, sem deixar de ser fiel a si mesmo, na ordem das ideias e das convicções. Foi no Rio de Janeiro, em 1940, sob a proteção do Cristo Redentor, que Arthur Moreira Lima abriu os olhos para o mundo e recebeu de Deus o mais belo piano.
Faz parte da mais luminosa linhagem do piano brasileiro, que no breve século 20 deu ao mundo pianistas que se tornaram universais, como Guiomar Novaes, João Carlos Martins, Magdalena Tagliaferro e tantos e tantos outros. Todos os gênios se revelam precocemente. Bem criança, Arthur deu início à caminhada vitoriosa, e, aos nove anos, já tocava Mozart com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Os grandes professores recebem do Criador o cinzel para burilar os diamantes geniais. Seus mestres foram Lúcia Branco, Marguerite Long e Rudolf Kehrer. Sua inigualável atuação na arte divina de tocar piano recebeu todos os prêmios. A mais rigorosa crítica reverencia Arthur Moreira Lima como um extraordinário intérprete do repertório romântico, elevando-o ao patamar maior de o grande e destacado intérprete de Chopin.
Arthur saiu a semear música com o fabuloso projeto Piano pela Estrada, tirou a música dos salões luxuosos dos teatros e dos palácios, e a conduziu para as ruas e praças das cidades e dos sertões. Mostrou ao povo que através da arte musical podemos descobrir o que de melhor habita dentro de nós. A vida luminosa e a biografia de Arthur Moreira Lima deixam seus amigos emocionados, não só por ser uma história importante para o Brasil, mas, sobretudo, porque é fundamental para a humanidade.
Tenho a convicção plena de que Arthur encontra-se entre aqueles poucos escolhidos que personificam, na mais sublime essência da naturalidade, caridade e solidariedade cristã. Sua história é de dignidade, integridade e de luta perene de compaixão ao próximo e defesa da vida.
Ele gosta mesmo é de torcer pelo Fluminense, embalado pelas águas lustrais da paria do Santinho, pelo amor de sua esposa catarinense Margareth Garret, dos seus filhos, dos seus netos, de sua família e dos seus amigos, capitaneados pelo visionário criador do Costão do Santinho, Fernando Marcondes de Mattos. É com esse louvor, e com a dupla alegria da amizade e da admiração, que venho deixar a minha homenagem ao grande amigo e pianista Arthur Moreira Lima nestes seus 80 anos.
Publicado em 16/07/2020