Neste momento de profunda crise institucional, ética e moral, pode-se considerar extravagante a aprovação de um fundo com dinheiro público que pode atingir cifras bilionárias.
É inaceitável, diante dessa grave e escabrosa crise financeira, onde a palavra de ordem deveria ser austeridade e sacrifício dos nossos representantes, que o Parlamento institua algo que chega a ser acintoso e na contramão daquilo que a cidadania deseja.
O que a nação deseja é por uma reforma política que modifique o nosso sistema político e eleitoral com a implantação do voto distrital, a imediata extinção das coligações, uma rigorosa cláusula de barreira para expurgar as legendas de aluguel, uma urgente consulta popular para discutir o nosso sistema de governo, enfim o povo quer um governo legítimo e representativo.
É com tristeza que se constata a cruel sanha patrimonialista, tão bem demonstrada por Raymundo Faoro, de substanciosa parcela do Congresso Nacional.
Não devem prosperar os argumentos dos defensores do financiamento público, sob a alegação de que o financiamento privado estimula o abuso do poder econômico, alimenta a corrupção e desvirtua os valores democráticos.
O financiamento público vai criar um divórcio entre representantes e representados, tendo em vista a excessiva dependência de recursos públicos por parte dos partidos políticos. Ademais, elimina o surgimento de novas lideranças e agremiações representativas.
É evidente que a adoção do aludido fundo transfere para o contribuinte o gigantesco custo das campanhas, sejam eleitores ou não eleitores. É mais uma conta para a sofrida sociedade brasileira.
Pasmem! O financiamento exclusivamente público só existe em um país atualmente, ou seja, o Botão. É um equívoco adotar o exemplo de um país sem devida expressão política para se tomar como referência.
(30 de outubro de 2017)